Um dinossauro recém-descoberto no Novo México pode representar o elo evolutivo entre os primeiros carnívoros e espécies posteriores do Jurássico, segundo uma nova pesquisa.
Denominado Daemonosaurus chauliodus (“réptil de espírito maligno e dentes proeminentes”), o dinossauro foi descrito na última edição da revista Proceedings of the Royal Society B.
O animal viveu há cerca de 205 milhões de anos onde hoje é Ghost Ranch (Rancho Fantasma), no Novo México, o que inspirou seu nome. Durante o Triássico Superior, era um paraíso para os dinossauros, com clima quente e chuvas sazonais. Outros dinossauros que viviam ali, como o predador Coelophysis bauri, não devem ter escapado do “sorriso” do dentuço Daemonosaurus.
"O Daemonosaurus possuía um focinho curto, com enormes dentes dianteiros que se projetavam da mandíbula superior”, explicou ao Discovery Notícias Hans-Dieter Sues, autor do artigo, acrescentando que o dinossauro provavelmente media entre um metro e um metro e meio de comprimento.
Sues, curador de paleontologia de vertebrados do Museu Nacional Smithsonian de História Natural, e sua equipe descobriram os restos do animal, um crânio e um pescoço fossilizados.
As análises científicas dos restos determinaram que o dinossauro pertencia ao Período Triássico, com algumas características mais avançadas, associadas aos dinossauros do Jurássico Superior.
As características do Triássico, vinculadas ao Daemonosaurus, incluem uma pequena abertura no focinho, entre a fossa nasal e a órbita do olho, além de ossos mais primitivos, relacionados aos alvéolos de um sistema pulmonar semelhante ao dos pássaros. Essas características se desenvolveriam mais tarde em espécies recentes.
No entanto, os dentes especializados do Daemonosaurus revelaram que se tratava de uma espécie bem mais avançada que seus parentes mais antigos. Ao longo do tempo, os dinossauros carnívoros, como o famoso Tyrannosaurus rex, desenvolveram focinhos mais longos e também mais dentes, complexas aberturas no focinho e extremidades mais parecidas com as dos pássaros.
Os dinossauros antigos corriam sobre as patas traseiras, incluindo espécies predadoras como o Herrerasaurus, que viveram onde hoje é a Argentina e o Brasil há aproximadamente 230 milhões de anos. Devido a uma brecha na classificação de fósseis, alguns paleontólogos duvidavam que os dinossauros mais antigos fossem carnívoros bípedes, mas o Daemonosaurus fortalece o argumento de que eram terópodes, ajudando a fechar a brecha evolutiva.
Apesar do clima agradável do Novo México no fim do Triássico, as novas descobertas sugerem que os dinossauros deste período devoravam uns aos outros.
"O Daemonosaurus provavelmente era a presa do Coelophysis, uma espécie mais avançada", explicou Sues. "Além disso, existiam outros grandes predadores, como um grande crocodilo e um enorme fitossauro”.
Randall Irmis, curador de paleontologia da Universidade de Utah, declarou ao Discovery Notícias que “esta descoberta é emocionante por várias razões. Primeiro, porque os paleontólogos pensaram durante muito tempo que a única espécie de dinossauro conservada no sítio do Coelophysis era o próprio Coelophysis bauri ; esta é a primeira evidência conclusiva da existência de outros dinossauros neste depósito mundialmente famoso”.
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